go back

Descoberta uma Molécula Produzida no Cérebro: Cura da Demência?

Marco Aurélio Gomes Veado

3 min read

June 9, 2025

Pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e colaboradores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que uma molécula chamada hevina pode reverter déficits cognitivos.

O estudo, realizado em camundongos, demonstrou que essa glicoproteína produzida por células cerebrais (astrócitos) é capaz de aumentar as conexões entre os neurônios (sinapses) em roedores envelhecidos e em modelos animais da doença de Alzheimer.

Image generated by AI (Freepik)

O Que é a Hevina e Por Que os Astrócitos São Importantes

Os astrócitos são células gliais em forma de estrela que dão suporte aos neurônios. Eles secretam a hevina — uma molécula crítica para a plasticidade neural. A equipe aumentou a produção de hevina nos cérebros de camundongos idosos e camundongos geneticamente modificados para simular o Alzheimer. O resultado? Melhor conectividade sináptica, conexões mais fortes entre os neurônios e melhorias mensuráveis na memória e no aprendizado.

A professora Flávia Alcantara Gomes (UFRJ) explica:

“A hevina é bem conhecida e envolvida na plasticidade neural... descobrimos que sua superprodução pode reverter déficits cognitivos em animais idosos ao melhorar a qualidade sináptica.”

Evidências Promissoras

O estudo, publicado na revista Aging Cell, incluiu uma análise proteômica dos cérebros dos roedores. Foram observadas 89 proteínas com expressão alterada, associadas à função sináptica aprimorada. Apesar dos ganhos cognitivos, a carga de placas beta-amiloides no hipocampo permaneceu inalterada.

Isso fortalece teorias de que a beta-amiloide não é o único fator da doença de Alzheimer, incentivando o foco em alvos alternativos, como os astrócitos.

Por Que Isso Importa para todos?

No MCI and Beyond, focamos em intervenção precoce, neuroplasticidade e abordagens holísticas para o cuidado da memória. Este estudo se alinha perfeitamente: destaca o potencial das terapias baseadas em astrócitos e biomoléculas como a hevina para reverter o comprometimento cognitivo leve e a demência.

Principais implicações para nossa comunidade:

  • Novos alvos terapêuticos além da beta-amiloide.
  • Reforça o conceito de ativar a plasticidade cerebral mesmo em fases avançadas.
  • Destaca a relevância das células gliais, por muito tempo negligenciadas na pesquisa sobre demência.

Desafios Pela Frente: Da Molécula ao Medicamento

Embora os resultados sejam animadores, há obstáculos significativos até a aplicação clínica:

  • Barreira hematoencefálica: é necessário desenvolver compostos semelhantes à hevina que atravessem essa barreira.
  • Segurança e eficácia: testes rigorosos são fundamentais para garantir a viabilidade em humanos.
  • Complexidade da doença: o Alzheimer é multifatorial — uma única molécula pode não resolver todos os sintomas.

Como afirma a pesquisadora Flávia: “Ainda há um longo caminho até que essa molécula se torne um medicamento, mas o ganho fundamental é compreender os mecanismos celulares e moleculares do Alzheimer e do envelhecimento.”

Próximos Passos na Pesquisa e no Cuidado

  • Desenvolvimento pré-clínico: otimizar análogos da hevina para atravessar a barreira cerebral.
  • Ensaios clínicos em humanos: futuramente, testes de fase I para avaliar segurança.
  • Modelos de terapia integrativa: combinar suporte glial fortalecido com mudanças no estilo de vida, treinamento cognitivo e terapias existentes.

Conclusão

A descoberta do papel da hevina na reversão do declínio cognitivo representa um avanço promissor para terapias neurorestauradoras. Ela desloca o foco de modelos centrados apenas nos neurônios e valoriza a neuroplasticidade impulsionada por células gliais, uma mudança de paradigma que está totalmente alinhada com nossa abordagem holística no MCI and Beyond.

Embora mais estudos sejam necessários, esta descoberta oferece esperança e melhor direcionamento para o futuro dos tratamentos contra a demência. Continuaremos acompanhando os avanços à medida que passam do laboratório para o cuidado clínico.

Assine nossa newsletter quinzenal e fique por dentro dos recursos selecionados sobre MCI e demência.


#MCIandBeyond #neuroplasticidade #cuidadodademência #terapiaastrócito #Alzheimer #ReversãoDoDeclínioCognitivo #SinapsesCerebraisIdosas #CuidadoresDeDemência #ReversãoDaDemência

MCI and Beyond
AboutBlogContactFAQ
YouTubeTwitterFacebookInstagramLinkedIn

© 2025 MCI and Beyond. All rights reserved.