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O lado obscuro das instituições que cuidam da demência: negligência, supermedicação e lucro

Marco Aurélio Gomes Veado

3 min read

April 29, 2025

As instituições que cuidam das pessoas com demência costumam ser vistas como refúgios seguros, ou seja, locais especializados onde profissionais oferecem “apoio incondicional” demonstrando respeito, compaixão e atenção. Mas, não é bem assim. Por trás dessa fachada e dos anúncios tentadores, esconde-se uma realidade preocupante: pessoas financeiramente vulneráveis são, frequentemente, negligenciadas, às vezes, super medicadas e tratadas como fontes de lucro (quando são subsidiadas) e não como seres humanos.


O lado obscuro das instituições que cuidam da demência: negligência, supermedicação e lucro

Lucro é o que importa

Com o aumento dos diagnósticos de demência no mundo, cresceu também a demanda por cuidados especializados, às vezes subsidiados pelos governos e, por isso, o aumento do interesse de grandes corporações e fundos de investimento nesse setor. Para muitos desses investidores, o bem-estar dos residentes vem depois do retorno financeiro.

O resultado? Cortes de custos, equipes reduzidas e uso excessivo de medicamentos como “solução rápida” para os casos mais complexos.

Subdimensionamento crônico das equipes

A falta de pessoal é um dos problemas mais preocupantes porque estão se tornando comuns. Em muitas instituições, a proporção entre cuidadores e residentes é baixa demais para garantir atenção básica, higiene ou apoio emocional. Para pessoas com Alzheimer ou outras demências, isso pode significar quedas, infecções não tratadas, desnutrição e sofrimento silencioso.

Super medicação: contenção química disfarçada de tratamento

O uso indevido de antipsicóticos em pessoas com demência é alarmante. Muitas vezes, esses medicamentos são receitados mais para sedar os residentes, facilitando o trabalho em instituições com pouco pessoal. Porém, essa estratégia pode aumentar o risco de AVC no paciente, acelerar o declínio cognitivo e até antecipar sua morte. A FDA, por sinal, já alertou contra essa prática que, por sinal, é corriqueira.

Falta de transparência com as famílias

Muitas famílias só descobrem a negligência depois que o estado de saúde do ente querido piora. A falta de fiscalização, somada à pouca exigência de relatórios detalhados, torna difícil identificar abusos ou excessos. Enquanto isso, os sites e anúncios continuam mostrando um cenário irreal.

Conselhos para um cuidado mais ético

Para melhor o sistema de saúde com relação aos pacientes com demência, serão necessárias várias reformas estruturais:

  1. Equipes de cuidadores especializados e em número adequado
  2. Uso responsável de medicamentos
  3. Transparência nas práticas
  4. Alternativas comunitárias ao modelo institucional
  5. Subsídio do Governo para remédios mais caros

Famílias precisam ser ouvidas, informadas e capacitadas para questionar o sistema atual. Porque, afinal, a demência não é o fim da dignidade de uma pessoa e seus cuidados não podem ser relegados a um mero produto.

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