Marco Aurélio Gomes Veado
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April 29, 2025
As instituições que cuidam das pessoas com demência costumam ser vistas como refúgios seguros, ou seja, locais especializados onde profissionais oferecem “apoio incondicional” demonstrando respeito, compaixão e atenção. Mas, não é bem assim. Por trás dessa fachada e dos anúncios tentadores, esconde-se uma realidade preocupante: pessoas financeiramente vulneráveis são, frequentemente, negligenciadas, às vezes, super medicadas e tratadas como fontes de lucro (quando são subsidiadas) e não como seres humanos.
Lucro é o que importa
Com o aumento dos diagnósticos de demência no mundo, cresceu também a demanda por cuidados especializados, às vezes subsidiados pelos governos e, por isso, o aumento do interesse de grandes corporações e fundos de investimento nesse setor. Para muitos desses investidores, o bem-estar dos residentes vem depois do retorno financeiro.
O resultado? Cortes de custos, equipes reduzidas e uso excessivo de medicamentos como “solução rápida” para os casos mais complexos.
Subdimensionamento crônico das equipes
A falta de pessoal é um dos problemas mais preocupantes porque estão se tornando comuns. Em muitas instituições, a proporção entre cuidadores e residentes é baixa demais para garantir atenção básica, higiene ou apoio emocional. Para pessoas com Alzheimer ou outras demências, isso pode significar quedas, infecções não tratadas, desnutrição e sofrimento silencioso.
Super medicação: contenção química disfarçada de tratamento
O uso indevido de antipsicóticos em pessoas com demência é alarmante. Muitas vezes, esses medicamentos são receitados mais para sedar os residentes, facilitando o trabalho em instituições com pouco pessoal. Porém, essa estratégia pode aumentar o risco de AVC no paciente, acelerar o declínio cognitivo e até antecipar sua morte. A FDA, por sinal, já alertou contra essa prática que, por sinal, é corriqueira.
Falta de transparência com as famílias
Muitas famílias só descobrem a negligência depois que o estado de saúde do ente querido piora. A falta de fiscalização, somada à pouca exigência de relatórios detalhados, torna difícil identificar abusos ou excessos. Enquanto isso, os sites e anúncios continuam mostrando um cenário irreal.
Conselhos para um cuidado mais ético
Famílias precisam ser ouvidas, informadas e capacitadas para questionar o sistema atual. Porque, afinal, a demência não é o fim da dignidade de uma pessoa e seus cuidados não podem ser relegados a um mero produto.
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