Marco Aurélio Gomes Veado
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April 10, 2025
Durante décadas, os cientistas acreditaram que o acúmulo de aglomerados pegajosos de proteínas, conhecidos como “placas de beta-amiloide” no cérebro era a suposta causa da doença de Alzheimer. Essas placas, juntamente com os emaranhados de proteínas tau, foram por muito tempo consideradas os principais causadores do declínio cognitivo e da consequente perda de memória.
No entanto, um número crescente de pesquisadores está começando a questionar essa teoria.
Apesar de décadas de pesquisa e bilhões de dólares investidos em medicamentos que visam conter as placas, a maioria dos tratamentos falhou em retardar - ou curar - o avanço do Alzheimer. Esse impasse levou os especialistas a fazer uma nova e ousada pergunta: “E se o acúmulo de beta-amiloide não for o inimigo, mas sim um sinal de alerta de um desequilíbrio sistêmico mais profundo?” Continue lendo.
A microglia é a denominação dada às células imunes inatas do cérebro. A função dessas células é monitorar o tecido cerebral em busca de sinais de infecção, lesão ou alguma disfunção. Em um cérebro saudável, a microglia remove detritos e dá suporte aos neurônios.
Mas, no Alzheimer, essas células acabam se tornando excessivamente ativas e por isso, liberam citocinas pró-inflamatórias e espécies reativas de oxigênio que, por fim, danificam os neurônios.
Em resumo, a atividade que se torna crônica da microglia pode resultar em um ciclo vicioso: inflamação → dano neuronal → mais ativação microglial. Aqui está o ponto-chave dessa celuma toda.
Novas pesquisas sugerem que a beta-amiloide pode agir como um peptídeo antimicrobiano que seria uma resposta imune à infecção. Os cientistas Rudolph Tanzi e Robert Moir (Harvard) descobriram que a beta-amiloide captura microrganismos, como o vírus do herpes simplex, além de outras bactérias, formando placas pegajosas.
A ideia é que essas placas funcionem como pequenas cascas que protegem o cérebro contra patógenos ou traumas. O problema é o exagero nessa proteção, resultando uma resposta autoimune que perde o controle, atacando quem não deveria atacar.
Esse é o processo autoimune que entra em ação quando o cérebro identifica erradamente ameaças às suas próprias estruturas, como por exemplo, sinapses danificadas, proteínas tau etc.. Em outras palavras, as células do sistema imunológico atacam um pseudo-inimigo, e os neurônios sofrem os danos colaterais.
Essa atividade imunológica mal direcionada causa uma neuroinflamação e acelera a progressão da demência.
Portanto, o amiloide e a tau podem ser efeitos secundários — marcadores de um sistema imunológico em colapso — e não as causas principais como se acredita.
1. Gene TREM2 TREM2 é um gene envolvido na regulação da resposta da microglia. Mutações nesse gene estão fortemente ligadas ao risco de Alzheimer. Elas tornam a microglia mais reativa, levando à inflamação crônica e à remoção ineficaz de detritos.
2. Gene APOE4 APOE4, o mais forte fator de risco genético para a doença de Alzheimer, também afeta o metabolismo lipídico e a regulação do sistema imune. Alguns pesquisadores acreditam que portadores do APOE4 podem ter uma resposta imune exagerada a estressores ou infecções.
Compreender o Alzheimer como um distúrbio neuroimune pode ajudar cuidadores e famílias a se sentirem mais esperançosos na cura da demência como um todo. Isso abre novas estratégias para o cuidador com perspectivas favoráveis.
Se o sistema imunológico desempenha um papel central, então uma intervenção precoce, o suporte ao estilo de vida, além de abordagens anti-inflamatórias podem se tornar ferramentas poderosas na luta contra a demência.
É por isso que nós, do MCI and Beyond, estamos comprometidos em compartilhar os insights mais recentes que uma prevenção proativa sob a ótica da saúde cerebral holística. Este blog, aliás, tem como missão trazer apenas boas notícias para você, leitor!
Felizmente, podemos estar diante de uma mudança de paradigma, onde o Alzheimer e outras doenças relacionadas à demência deixam de ser vistas apenas como um “problema de placas” e passam a ser entendidas como distúrbios complexos que envolvem o sistema imunológico, o metabolismo e possivelmente infecções. Isso não significa que o amiloide seja irrelevante — mas talvez ele seja parte da resposta do corpo, e não o inimigo em si.
Assim, a demência — um grupo de comprometimentos cognitivos que inclui a doença de Alzheimer — pode não ser tão misteriosa quanto parecia. Ao mudar o foco das placas para o sistema imunológico, podemos entender melhor as verdadeiras raízes do declínio cognitivo, e criar soluções mais inteligentes e efetivas para quem é afetado.
O MCI and Beyond continua explorando a ciência, as histórias e as estratégias que apoiam a saúde do cérebro em todas as fases da vida. Esta é uma missão nobre!
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